Este estágio foi muito produtivo e possibilitou a mim uma nova maneira de ver a Educação Infantil. O exercício de fazer, buscar suporte na teoria, refazer, entender, buscar respostas, despir-se dos discursos prontos do senso comum e observar os alunos e suas manifestações – mesmo sendo eles tão pequenos – possibilitou que eu adquirisse aprendizagens sobre esta etapa da educação que nenhuma aula (por melhor que fosse) poderia proporcionar.
E a literatura infantil foi uma grande aliada nesta mudança. A prática da leitura se faz presente em nossas vidas desde o momento em que começamos a "compreender" o mundo à nossa volta. No constante desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas que nos cercam, de perceber o mundo sob diversas perspectivas, de relacionar a realidade ficcional com a que vivemos, no contato com um livro, enfim, em todos estes casos estamos, de certa forma, lendo - embora, muitas vezes, não nos demos conta. Pensadores como Paulo Freire apontam para o reconhecimento de que a leitura do mundo precede a leitura da palavra e a leitura da palavra escrita implica na ampliação da possibilidade da leitura do mundo.
As crianças têm, na infância, o melhor tempo disponível para ouvir ou fazer uma leitura descompromissada, movidas apenas pela curiosidade, pelo prazer, pelo descobrimento. Nosso papel é o de oferecer, desde cedo, o contato com obras-primas, com leitura ou “contação” de boa qualidade. Com isso é possível que a criança tenha uma formação e um desenvolvimento mais completo, mais interessante. Já disseram, mais de um educador, que a criança que cresce ouvindo histórias cresce mais feliz.
Portanto a leitura é expressão estética da vida através da palavra escrita e contribui significativamente para a formação da pessoa, influindo nas formas de se encarar a vida. A criança é imaginativa, exercita a realidade através da fantasia, mas precisa de materiais exteriores – todas as formas de escrita – contos, histórias, fábulas, poemas, cantigas, para se constituir como pessoa.
[...] Ler histórias para crianças, sempre, sempre... É poder sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelas personagens, com a idéia do conto ou com o jeito de escrever dum autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de divertimento.[...] ( Capítulo 1 do livro “Literatura Infantil: gostosuras e bobices”, de Fanny Abramovich)
Utilizar da literatura infantil para criar um ambiente onde a criança vivenciasse as mais diversas situações, desenvolvendo seus aspectos cognitivo e social, interagindo a apropriando-se de novos conhecimentos que permearão toda a sua vida foi uma ótima oportunidade de construção do conhecimentos junto de meus alunos.Levá-los ao mundo da imaginação e a descobrirem o maravilhoso universo da literatura infantil, desenvolvendo a criatividade, percepção de diferentes resoluções de problemas, autonomia e criticidade ficara marcado para sempre em minha vida.
[...] A escola é, hoje, o espaço privilegiado, em que deverão ser lançadas as bases para a formação do indivíduo. E, nesse espaço, privilegiamos os estudos literários, pois, de maneira mais abrangente do que quaisquer outros, eles estimulam o exercício da mente; a percepção do real em suas múltiplas significações; a consciência do eu em relação ao outro; a leitura do mundo em seus vários níveis e, principalmente, dinamizam o estudo e conhecimento da língua, da expressão verbal significativa e consciente - condição sine qua non para a plena realidade do ser [...]. (COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000. página 16)
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